quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Vinte e um.


(Ler ouvindo Dom Quixote - Engenheiros do Hawaii)


É meu aniversário. Estou há dias ensaiando esse momento e agora não sei como agir. O que pedir? Pedir felicidade? Eu acredito que seja honesta, apenas quando conquistamos sem pedir. Pedir paz? No mundo de hoje, é uma piada de mal gosto. Muitos anos de vida? Eu já nem sei se é certo mesmo, contar a vida por anos. Eu vou pedir sorrisos. E eu quero abraços, longos, sinceros. Desses que eu possa morar dentro e fazer abrigo. Eu quero beijos. Estalados, fortes, de leve, de longe, de despedida, de chegada, de amigo, de amor, de angústia. Beijos, todos eles. Eu quero fé. Muita fé. Em qualquer coisa e em tudo. Eu quero sempre acreditar no que é bom e na melhora das pessoas. Eu quero problemas, desses que deixam a gente embaraçado e um alivio enorme quando resolvidos. Quero dores de cabeça de algumas horas e dias de sol que não pareçam ter fim. Quero frio acompanhado de companhia quente. Quero pipoca com Sazon e vinho. Eu quero amigos com piadas estúpidas e distraídos. Quero o amor, na essência simples. Eu quero sair na chuva, sem medo de me molhar. Eu não quero medos. Esse é um pedido importante. Eu quero olhar pro escuro e deixar que ele me olhe, sem a agonia de acreditar que ele está me invadindo. Eu quero ser luz. Quero ser brisa. Eu quero a calma da manhã e a intensidade da noite. Eu quero ser mais. Porque o muito nunca é o bastante. E a primeira vez é sempre a última chance (né, Renato Russo?). Eu quero justiça. E ver milagres, não, apaga isso, eu quero ser um milagre. Esse ano, dos vinte, foi complicado. Adquiri experiência de uns cinco aniversários. Ganhei muito, perdi outro muito. Fui passada pra trás e empurrada pra frente. Levada, me deixando levar. Eu consegui. Chego aos 21, como quem chega a um altar. É tempo de me ajoelhar e agradecer. Os pedidos são de praxe, eu sei que eles só dependem de mim. Sou grata ao mundo. Por todas as atrocidades, a violência e a mentira que fizeram de mim um ser humano mais humano. Sou grata as dores e quem me curou delas. Grata aos causadores das minhas loucuras. Sou grata pelo ar que respiro. Sou grata pelos anos que virão, pelo caminho que ainda vou percorrer, me perder. Eu sou grata por poder escrever. Por ser livre. Por ser alguém e pensar por mim mesma. Eu sou grata pelos meus 21. Pela verdade dos vinte anos que passaram. Eu sou grata a vida. Sou grata a Deus. Sou grata ao destino, a sorte, aos encontros e desencontros do acaso. Eu sou grata a mim.
É meu aniversário... Parabéns para mim!