quarta-feira, 5 de junho de 2013

Morar.


(Ler ouvindo A Sua - Marisa Monte)



Semana que vem é Dia dos Namorados. Até aí, tudo bem. Dia em que namorados trocam presentes, fazem declarações de amor e renovam seus votos de fidelidade e cumplicidade. Dia dos solteiros se sentirem sozinhos e lamentarem por não ter alguém com quem trocar presentes e renovar votos. Existem também os chamados 'imunes'. Os que acham que o amor é um vírus e que eles não são atingidos. Mas que com certeza, antes de dormir, pensam em como seria legal ter alguém pra esquentar os pés. Mas o problema ainda não é esse, o problema é mais crítico. O Dia dos Namorados é assim, como a maioria das datas festivas do calendário, são mantidas pelo estímulo ao comércio. Estimulo ao consumismo. Estimulo a alienação. Afinal de contas, você precisa do Dia das Mães pra amar sua mãe, do Dia dos Pais pra amar seu pai e do Dia dos Namorados pra amar seu parceiro. O amor precisa de datas, pra ser demonstrado. O amor ficou superficial. O amor virou uma ferramenta de marketing do comércio. Diz pra mim, quantas vezes você Namorou de verdade? Não to falando de casinhos, relações falidas, amores platônicos ou unilaterais. Eu to falando de Namoro. Que, segundo o dicionário significa: (verbo transitivo direto) inspirar amor, apaixonar, cativar, atrair. Qual foi a última vez que você, transitiva e diretamente, inspirou amor ou se sentiu inspirado, a esse ponto? Qual foi a última vez que você se apaixonou, por mais de dez dias? Se sentiu cativado, atraído? Namorar vai além de usar aliança e se ver no domingo. Namorar é muito mais do que 'dar satisfações pra patroa' ou deixar de ver as amigas de sábado a noite. Namorar é um encontro de almas e não simplesmente algumas trocas de olhares. É por isso que acho o Dia dos Namorados uma bobagem. Quem ama, ama todo dia. E não é fácil. Não é só festa, é um caminho estreito. É preciso se divorciar dessas convenções e barreiras que a sociedade impõe. É preciso ter um caso com o destino e não acreditar mais no 'pra sempre'. É preciso acreditar que o amor acontece, quando tem que acontecer. Deixar os quase amores, pra trás. É preciso pedir a vida em casamento. Pra namorar com o outro, é preciso namorar com a gente mesmo. Pra ser feliz, é preciso abandonar o nosso lar e na-morar dentro do outro. E deixar que o outro na-more dentro da gente. E aí sim, comemorar. Namorar. Morar.