quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Oração.


Ler ouvindo Abraça-me.

Eu peço pouco a Deus. Acho que já tenho muito, sabe? Tenho saúde. Tenho uma família, meio estranha, meio louca demais, mas minha. Tenho um coração limpo capaz de amar e ser amado, sem vírgulas. Tenho dois braços e duas pernas, sei ler e escrever. Tenho uma casa, não a mais bonita do bairro, nem a mais chique, mas minha. Tenho mãe e pai vivos, complicados que só vendo, mas meus. Tenho irmãs e amigos que Deus não poderia ter me dado melhores, tenho primos, tenho avós, tenho tios em primeiro, segundo, terceiro e valha-me Deus quantos graus. Eu tenho uma cama. Eu tenho água na torneira. Eu tenho luz elétrica. Tenho o dinheiro suficiente pra pagar minhas contas e ter comida na mesa, todo dia. Muitas vezes, eu ajoelho e só agradeço a Deus. Mas uma vez ou outra, eu peço uma coisa só: serenidade. Que eu tenha serenidade de dizer tudo aquilo que penso e acredito com as palavras certas, pra que ninguém se magoe a toa. Que minhas palavras ao invés de ferir, confortem. Que eu tenha serenidade pra lidar com as pessoas, pra conviver com os outros humanos que assim como eu, não são perfeitos e tem dias ruins. Que eu tenha serenidade pra encarar meus dias difíceis e encontrar abrigo nas pessoas de bem que tenho por perto. Que eu tenha muita serenidade pra ultrapassar minhas barreiras e chegar com os pés no chão, até meus sonhos. Que eu tenha serenidade nos meus olhos e sorriso. Que eu consiga ter abraços serenos, que diminuam a angústia de quem precisar. Que eu tenha a palavra amiga, a música certa, o tom de encaixe pra dissipar uma dor. Que eu seja capaz de ser maior do que sou, quando for pra ajudar alguém. Mas que eu seja menor, seja pequena e que nunca me esqueça do quão grande Deus é comparado de mim. Que eu tenha serenidade pra  reconhecer meus erros e humildade pra pedir perdão. Que eu saiba ouvir quando necessário. Mesmo quando estiver tudo escuro, que eu enxergue a luz. Que a minha paz seja a paz de quem estiver ao meu lado. Que eu não me perca dos meus caminhos, mas que se me perder, tenha calma pra voltar ao eixo. Que eu me encontre todos os dias, quando falar com Ele. Que minhas batalhas sejam duras, mas minhas vitórias sejam maiores. Que minhas promessas sejam cumpridas, sempre. 

Que eu tenha serenidade pra saber que Ele nunca me deixa só.
E eu sei que não me deixa. E sei que essa minha certeza é dEle.









quinta-feira, 7 de novembro de 2013

O quase.



(Ler ouvindo Engenheiros do Hawaii - Refrão de Bolero)

Ontem eu quase te esqueci, faltou bem pouquinho, eu estava tão feliz e as coisas estão começando a dar certo pro lado de cá. Aí vi um carro igual o seu, meu coração disparou. Quase. Quase consegui. Faz uns dias, fiz um último texto, me despedindo do nosso amor, quase foi o último mesmo. Até eu acreditei. Mas aí veio essa quase certeza, esse talvez, essa quase saudade, essa inércia que me deixa com vontade de correr pra você, mas não é uma vontade forte, então não vou, mas quase vou. Você virou um quase, que não me deixa ser completa em mais nada. Quase feliz. E falta bem pouquinho. Porque eu já quase não sinto sua falta, é uma coisa que lembro as vezes, quase choro. As vezes quase sorrio. É melancólico. Mas é quase bom. Vê que loucura? Estou quase me apegando ao sentimento de falta. Pena que não significa quase nada. Você sempre foi tão fraco que não conseguiu deixar nada além de um quase lamento. Agora apareceu um quase você, acredita? Ele tem os seus olhos, tem quase o seu charme, não sabe de quase nada, assim como você. E quase me sufoca de tanta angústia, sendo assim tão quase você, tão perto, tão lindo. E quem diria né? Eu nunca fui de gostar, era um semi apego aqui, uma paixãozinha ali. E veio você, com um quase relacionamento, que me rendeu quase a loucura, que me deixou quase cega. Eu quase morri. Porque meu choro e minha dor não tinham nada de "quase". Porque você não pensou em nada, nem em mim. Meu sofrimento não foi quase, foi todo seu. O que foi quase, foi o seu sentimento. Você quase me amou, talvez se o tempo tivesse favorecido, se tivesse feito menos sol naqueles meses, talvez se Júpiter tivesse mudado sua posição e trombado em Saturno, se o existisse a paz no Oriente Médio, se eu tivesse sorrido mais, se aquele restaurante tivesse aberto no dia em que fomos jantar, se o efeito estufa fosse mentira e se eu parasse de tomar café, como você pediu. Vê? Eu já pensei em quase tudo. Eu já procurei respostas em quase todos os livros que você possa imaginar. Eu só queria tirar esse quase de mim. Eu só queria parar de quase morrer todo dia por alguém que quase não vale isso. Quase. Eu to quase chorando de novo pra escrever mais um texto quase me despedindo de você. E mais uma vez, eu quase desisto. Eu já tentei de tudo e não tem quase aqui não, foi tudo mesmo. Mas não adianta, você foi, é e vai ser sempre o amor da minha vida. Sem quase. Sem talvez.