quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Retratação.

Ler ouvindo Perfeita Simetria.



Eu menti. 
Só queria dizer isso.

Se é que ainda cabe algum tipo de diálogo entre a gente, eu menti. Eu disse que te esqueci, eu disse que preferia ficar sem você. As pessoas me perguntaram de você e eu respondi que nem sabia. Era mentira, também. Eu sabia. Eu queria que soubesse que aquela moça te oferecendo o emprego dos seus sonhos, era uma amiga minha te ligando porque eu pedi. Queria ouvir tua voz. Desculpa, era eu o tempo todo. Fui eu que te consegui aquela entrevista, na firma lá da rua do centro que você sempre quis. Outra mentira minha: eu nunca te matei na minha vida. Eu te deixei em coma, bem quietinho e fiquei sentada ao lado da sua cama chorando. Eu nunca matei você. Eu não teria coragem. Eu me entupi de outras pessoas, só pra tentar parar de te enxergar em todos os lugares. Eu só queria parar de imaginar você do meu lado. Eu precisava me desintoxicar, você entende? Eu menti. Eu menti todos os dias pra mim, dizendo que eu estava melhor sem você. Menti tanto que acreditei. E jurei pra mim mil vezes que o nosso amor era uma mentira. Eu te procurei em todas as esquinas, em silêncio. Eu me vesti todos os dias na esperança de te encontrar sem querer, por aí. Passei na rua da tua casa, algumas vezes. Nunca tive coragem de parar. Assim como não tive coragem de ficar. Assim como fui embora, assim como menti. Foi melhor assim. Não ache que foi falta de amor, nem nada assim. Foi algo inside, o problema era aqui dentro. Eu precisava mais de mim e no fim eu percebi que tudo que eu achava que era eu, na verdade era você. Encontrei aquele teu amigo músico esses dias, ele me perguntou como eu estava, respondi de imediato: tô-ótima. Mentira. Penso em você, quase sempre. Começo a escrever sobre qualquer assunto e termino falando de você. Aí apago o texto todo, começo outro assunto e você surge. As vezes faço textos te querendo de volta. As vezes escrevo imensas cartas de despedida. As vezes, só sinto saudade. Estranho, né? Nem eu mesma sei dizer o que foi que sobrou aqui, dentro. Nem eu mesma sei dizer porque você está tão vivo aqui. Só sei que está. 
Eu não espero que te dizer tudo isso vá mudar alguma coisa entre a gente, até porque eu nem sei se quero que algo mude. Eu só não quero mais mentir. Eu só não vou mais fingir pra mim que você foi só mais um, que o amor é uma bobagem e que eu posso viver por aí, como qualquer um. Eu não posso. O meu amor por você é sagrado, vai ser sempre. Nossa história vai ficar pra sempre em mim, escrita em versos mentirosos que fiz pra dizer que tudo acabou. Pena que é mentira.









sábado, 22 de fevereiro de 2014

Desabafo.

Ler ouvindo The Scientist.

As pessoas me perguntam se estou bem. Sorrio e afirmo que sim. Não entendo metade do que dizem, parados na minha frente. Perguntam mais alguma coisa. Tanto faz. Sorrio em um gesto de gratidão. Que diferença faz ficar aqui? Eles dizem. Ela quer ficar sozinha. É, eu quero ficar sozinha. Eu quero? Eu não sei o que eu quero. Eu torço pra alguém chegar, só por torcer pra alguma coisa acontecer. Alguém chega e começa a falar também, aí torço pra todos irem embora. Já tentei chorar, abraçar travesseiro. Já tentei me descabelar, deitar no chão do banheiro. Já tentei jogar objetos na parede e sentar no chão atrás da porta. Tentei escrever. Já fiz uma carta de despedida. Já saí sozinha pela rua tentando fugir de mim, como se alguma dessas coisas adiantassem. Procurei na internet se já foi realizado algum transplante de coração causado por dor. Causado por ausência. Não, não foi. O seu time ganhou, ontem. Em outra época eu te ligaria logo de manhã, pra contar. Você diria que sabe, viu o jogo obviamente. Mas eu emendaria outros assuntos, só pra te ouvir dizer qualquer coisa com voz rouca, de sono. Em outra época, eu acordaria sorrindo. Estranho como as coisas acontecem, né? Em um dia, não se é nada pra outro alguém, no outro dia pode-se ser tudo. No outro dia, pode ser nada novamente. Que montanha russa. Eu não estou sofrendo, quero deixar claro. É só uma fase de transição, tô assimilando os golpes. As pessoas chegam, as pessoas vão. Eu fico. Mais alguém pergunta se estou bem e vai embora. E eu fico. Você foi embora, eu fiquei. Feito um vaso de flores, parada bem no meio do corredor. As pessoas desviam de mim. Interessante como as pessoas se afastam, quando paramos de sorrir. Ninguém tem culpa da minha fase, eu sei. Ninguém mandou você embora, ninguém me mandou ficar. Mas você foi, eu fiquei. Estou repetitiva. Tentei sair com uma amiga semana passada, repeti sete vezes a mesma frase. "Tem horas em que tudo isso parece um pesadelo, daqui a pouco eu acordo". Eu sei que não vou acordar, eu nem tenho dormido muito ultimamente. Sabe quando seus pensamentos ficam num fundo branco, como se flutuassem? Não, ninguém sabe. Por isso não falo. Sorrio e afirmo que sim, estou bem. Ninguém enxerga o vácuo no meu peito. O vazio que dói. Como se tivessem aberto um buraco aqui dentro e tirado tudo do lugar. Estou em escombros. Me deixa aqui quietinha, até me reconstruir. Me deixa ficar aqui, de porre. Me deixa acreditar que você vai aparecer ali na porta e me tirar do meio dessa gente que fica encostando a mão no meu ombro, pra me perguntar se estou entendendo o que eles dizem. Deixa que eu fique assim, um pouco?
Deixa eu ser humana? Deixa eu colocar as coisas aqui dentro no lugar.
Deixa eu voltar a respirar? 
Deixa a minha dor doer, deixa a minha dor passar.










terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Proposta.



Olha só, eu não quero te amar com um conta-gotas. Desculpa, mas se for assim, eu prefiro ir embora. Eu não nasci pra amar pouquinho, pra amar só de quinta-feira a noite, pra amar só até amanhã e depois tchau, foi bom enquanto durou. Eu sou de verdade, rapaz. Eu não sou dessa meninas que você encontra por aí que não querem saber do amanhã. Eu quero. Mas quero, se for de verdade. Não me diz que sou diferente, que sente algo especial se for só por brincadeira. Não me conquiste, se não for ficar. Eu sei que tenho esse jeito de decidida e mulher bem resolvida. Mas ouve isso: é tudo disfarce, tudo mentirinha. Sou uma menina, sonho com um amor bonito, quero ter uma casa e filhinhos que andem de frauda pela casa. E você pode dar risada, eu não me importo. Mas é o que quero, é o que sonho. Se teu sonho for diferente, vai embora. Não me faz acreditar que você é um príncipe, se você for o lobo mau. Tô te pedindo, seja sincero. Eu não quero encontros marcados, nem ter dia da semana pra te amar. Eu quero te ver quando der na telha, quero te ligar de madrugada e saber que vai me atender, com vontade. Eu não quero você no sábado a noite, quero você no domingo de manhã. Eu quero ser sua amiga, em primeiro lugar. Quero me sentir parte da sua família, quero uns apelidos estranhos pra gente se chamar e dar risada. Não precisa viver grudado em mim, Deus me livre. Mas seja sincero, quando voltar. Curta seu futebol e sua cerveja, vou estar por aí também. Comprando meus livros e esmaltes. Vou te ligar e falar que perdi (de novo) as chaves. Eu quero que nossa relação não dependa de status, nomes ou redes sociais. Quero poder pular no teu colo, te enchendo o rosto de beijos só por sentir vontade de fazer isso, sem que você me ache uma louca. Quero poder chorar com meus filmes e músicas e você não me achar ridícula. Quero reciprocidade, isso mesmo. Antigo isso, né? Eu não me importo. Quero que sonhe meus sonhos, quero sonhar os seus. Não quero que me tire do chão, quero que ande comigo, passo a passo. Não preciso que queira tudo que eu quero, só quero que fique feliz quando eu ficar. Eu só quero verdade. E se não puder me dar isso, não me ofereça amor. Não me diga que vai ficar. Não me peça pra te esperar, depois das 3 da manhã. Eu não quero ser sua última escolha de fim de noite. Eu não quero ser mais uma. 
Eu só aceito, se for amor. Eu só aceito, se for pra valer. 








segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Sobre amores e verdades.


Eu quero começar dizendo que nem sempre o amor é eterno. E nem sempre o amor é tudo, numa relação. Não tem fórmula, nem prazo de validade. O amor não é aquele negócio lindo e sem fim que a gente assiste na Sessão da Tarde. O amor é difícil, menina. O amor bate na cara da gente. E as vezes vai embora, quando deveria ficar. Fica, quando deveria ir. O amor é feito a gente, sabe? Vive fazendo bobagens. O amor é que nem uma receita de bolo, as vezes a gente tem todos os ingredientes e segue tudo a risca como diz no caderninho da vó, mas o bolo desanda. O bolo não cresce. O bolo queima. O bolo vai pro lixo. Nem sempre o amor tem razão. Nem sempre o amor vale a pena, menina. Isso é que é difícil de entrar na cabeça, né? Nem sempre vale a pena. E como é que a gente mede a valia do amor? Boa pergunta. Quando é que a gente decide que é melhor ir, ao invés de tentar de novo? Eu acho que a gente sente. A gente sente que o amor virou só apego, virou só rotina, virou só costume de estar ali. A gente finge que não vê, diz que é fase, diz que o outro vai voltar a amar amanhã ou depois. Mas no fundo, a gente sente que o amor ficou sem sal, só não quer assumir. Acho que esse é o maior problema, aquela mania de achar que o amor tem que ser igual de filme. Mas olha só, pensa comigo: filme só dura duas horas. E o amor? O amor só dura o que tem que durar. E depois renasce em outra vida, em outra história. Renasce por aqui mesmo, com outros personagens. Em outra direção. Cê tá me entendendo, menina? Amor não é aquilo te te tira do chão, é aquilo te poe no eixo. O amor de verdade não tem nada a ver com borboletas no estômago, mãos frias, noites sem dormir e falta de ar. Amor é pé no chão, são mãos quentes e entrelaçadas. Amor é respiração controlada. É sono tranquilo. Amor é o telefone que toca todo dia, é a reciprocidade. É decidir por um mesmo caminho. E não tem nada de conto de fadas, nem glitter pelo ar. É preto no branco, é decisão. E nem sempre é pra sempre. Somos tão pequenos. Mudamos tanto, todos os dias. Como é que vamos esperar que o amor seja sempre igual? As vezes ele muda e a gente fica. As vezes a gente muda e ele fica. Não é porque um amor se foi, que um outro não possa chegar. Não possa ficar... O amor só exige uma coisa: verdade. O modo, o tempo, a loucura, a vontade pouco importam. Se tem verdade, pode ter amor. Quem somos nós pra julgar? 
Quem sou eu pra dizer que existe alguma razão, no amor?
Eu só quero que as idéias sobre o amor sejam renovadas. Que a gente pare de acreditar num amor tão antiguado, tão desumano. O amor é real, é bonito, é tudo aquilo que a gente quiser que ele seja. O amor tá aqui dentro, tá aí dentro. Basta que a gente cuide dele. 
Basta que a gente acredite. Basta que a gente decida.











quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Oi amor.


Ler ouvindo Encontro.


Você deve estar dormindo agora, porque chegou cansado do trabalho e me deu uma vontade louca de escrever, quando te imaginei todo bonitinho dormindo. Hoje eu fiquei bastante tempo deitada, depois de te ligar, a gatinha estava ronronando no meu colo e eu estava aconchegada na cama. Eu fiquei lembrando de quanto tempo, eu tenho o costume de te ligar só por rotina. E de te ouvir falar que está cansado. E contar as bobagens do nosso dia-a-dia. Dar risada das nossas piadas, combinar nossa rotina, falar sobre qualquer coisa. Eu me lembro do nosso começo e do desespero que eu tinha de que qualquer dia você sumisse, porque não era normal um relacionamento ser tão legal, assim. Eu me lembro do seu primeiro 'te amo', falado meio rapidinho e eu pensando em câmera lenta "Meu Deus, olha o que ele tá dizendo, ele disse que me ama, ele... ah meu Deus". Eu me lembro de chorar no seu ombro, todas as minhas dores, enquanto a gente nem tinha pra onde ir e estava numa ponte abandonada, no meio do nada. Eu me lembro de ouvir todas as suas histórias com um ciume absurdo de todas as suas aventuras passadas e de sentir querer te prender num quarto e nunca mais te deixar ser de mais ninguém, ser só meu e pronto. Eu me lembro de te dizer isso e você rir como se o mundo fosse acabar. Eu me lembro das nossas brigas, de querer te matar tantas e tantas vezes. E olhar pra você 15 segundos depois e já não existir vontade nenhuma. Eu me lembro do seu abraço no meu pescoço quando dorme, que mais parece um cachecol. E do seu cheiro de fábrica. E do seu perfume bom. Aquela sua voz manhosa, quando quer carinho. As suas grosserias engraçadas, que só eu acho engraçadas. E de tudo que você é. Você não é nada parecido com um príncipe encantado, sabe? Você nunca me acordaria do sono eterno com um beijo, porque provavelmente você dormiria mais do que eu ou teria preguiça de ir me resgatar. Você não me deixaria comer uma maçã envenenada, porque provavelmente você teria comido tudo antes. E mesmo assim, eu te chamo de príncipe. Eu te chamo de amor.
Digo com todas as letras que você é o dono dos dois buraquinhos que tenho na coluna e do meu cabelo enorme que você adora ver solto. 
Digo sem vírgulas que te amo e não gosto nem de pensar em ficar sem você. 
Porque eu sem você, sou sem graça. Sou sem sal. Sou sem cor. Sou sem luz. Eu sem você, nem sou eu.