quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Certeza.

Ler ouvindo In these arms.




O que eu posso dizer sobre ele? Bom, é complicado. Ele é abstrato. Tem uma pose séria demais, com um sorriso que nunca parece sincero. Menos quando ele ri de repente, aí o rosto se ilumina e ele parece ter sete anos de idade. Mas normalmente parece ter bem mais do que os vinte-e-poucos que dizem na sua identidade. Ele implica com quase tudo. Odeia ser contestado e odeia (odeia mesmo) que interrompam seus devaneios. Mas também sabe ouvir, sabe entender. Ele sabe. Ele sabe coisas demais. E peço perdão se usar o termo "demais" por muitas vezes nesse texto, mas é difícil defini-lo sem exagerar. Demais. Ele me transbordou, desde o princípio. Fez com que eu mudasse a postura, o esmalte, a cor do lençol. Ele me bagunçou todinha, sem perceber. Eu sorri pra ele depois de um beijo estranho e a vida me sorriu de volta. Eu não posso dizer que as vezes não odeio a mania chata dele de não prestar atenção, quando desato a falar por quarenta e nove minutos sem parar, emendando um assunto no outro, descontando toda minha angústia de não ser tudo que quero nas minhas palavras. Não posso dizer que não o odeio por quinze segundos. As vezes até vinte segundos. Mas eu posso dizer que ele me faz ter vontade ser tudo que quero. E o universo conspira pra me empurrar pra ele, sempre que eu me afasto. Ele é muito. E nem sabe que é muito, porque as vezes fica inseguro quando to de salto e ele tá de chinelo. Aí ele me pergunta, esperando um elogio: "Tô bem?". Tenho vontade de gritar que sim, está bem, está ótimo, meu Deus como você pode achar que não está bem? Coloque seu pijama e você vai continuar ótimo. A força dele vem de dentro, sabe? Ele não sabe disso, também. Se soubesse, ganharia o mundo. Se ele soubesse a magia que tem naqueles braços, quando ele sem motivo algum simplesmente me abraça. E olha pra mim com um olharzinho maroto de quem sabe que era aquilo que eu precisava. Era aquilo mesmo, ele tá certo. Mesmo achando que tá sempre errado. E muitas vezes, ele se desculpa porque acha que tá errado, mas na verdade não tá. Ele está sempre certo. Há mais de dez anos, ele me perguntou se eu queria ser dele, mesmo a gente nem sabendo o que isso significava. Eu não quis, mas ele tava certo. E quando ele quis namorar certinho, de aliança no dedo e conhecer as famílias porque ele dizia que era o melhor a fazer, ele tava certo. Ele tá certo hoje, quando me diz que sou chata demais. Ele tá certo, sempre. E ele estava certíssimo quando me disse que muitas vezes os sentimentos mudam e as pessoas também, mas se a gente tiver vontade de verdade não existem estatísticas que possam impedir duas pessoas de se amarem. E a gente se ama. Ele é inspiração pros meus textos e pra minha vida. Ele, porque tá sempre certo. Eu, porque acredito em certezas. Demais.