quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Existe amor em SP.

Ler ouvindo Firefly.




Existe em SP.

Entre o vão e a plataforma, existe alguém pra te dizer "Fica, vai daqui pro trabalho amanhã!". Mesmo que cê não esteja com esse humor todo, com essa vibe toda. Existe amor em SP. Existe carinho nos dedos. Alguém pra te ouvir, te olhar nos olhos enquanto você conta algo importante. Alguém que te dá vontade de ouvir Ben Jor e Caetano, enquanto pega um trem cinza. Numa noite feia, numa cidade que está sempre cinza. Alguém que te espera numa estação cinza. Mas faz tudo ficar naquele tom bonito de azul, enquanto faz uma ironia só pra te fazer rir. 
Existe amor atrás da linha amarela da estação. 
Alguém que te faz café. E se revolta com suas injustiças, te fala umas verdades quando precisa. Alguém pra ficar. Alguém que divide seu reino particular com você. E que tem a nuca com cheiro bom. E o abraço gostoso na madrugada, com beijo meio acordado, meio dormindo. Alguém pra ter pra onde voltar. E pra onde ir. Mesmo a cidade tendo esse ar sempre triste. Alguém que te olha e te enxerga. E não tem medo de você. Apesar de tudo. Alguém que divide a cama, o quarto, a batata na janta. 
Alguém que se dispõe. Alguém que te faz sorrir no meio do dia, pensando que talvez a vida não seja tão ruim. Alguém com um humor mais sádico que o seu e um beijo bom, desses que encaixa de primeira. Alguém que não pediu licença pra te beijar. Foi furtivo, meio rápido demais, com ânsia. Mas que tem calma pros teus problemas e pro teu jeito zen de ser. Alguém que te mostra fotos antigas e conta as histórias da sua vida, como quem abre um livro e te lê os capítulos. 
Existe amor em SP, eu sei. 
Alguém que te dá vontade de falar "Cê fica tão bonito assim, estudando, meio filósofo, meio sério...", com esse ar de quem sabe tanto. Esse cuidado misturado com desleixo. Alguém que te faz compor poesias e versos mentalmente, do tipo "Esse teu eu assim tão você, me dá uns arrepios igual quando sua barba me roça a nuca e eu só sei sorrir." Existe cafuné em SP. Alguém que entende suas referências e frases desconexas. Completa suas ironias e te beija de manhã, dando bom dia. 
Alguém que chegou. E te ensinou a chegar até ele. 
Desce na quarta estação. 
Não se perde, por favor. 
Vou estar lá, depois da escada. 
Meio devagar, meio rápido demais. Difícil explicar. Mas chegou e ficou. E fica. Pedindo pra que nada atropele o caminho natural de nós dois. Pedindo pra que dê tudo certo. Pedindo mais um beijo, pra se despedir. Sem pedir pra ser poesia, mas sendo. 
Existe alguém em SP.



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