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sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Uns motivos pra você não chorar mais.

Ler ouvindo Pearl.



Ei, para!

Para com isso. Ele não merece. E você sabe que não merece. Não to aqui pra te vender uma história pronta de amor, nem pra te dizer que "vai passar". Eu só quero te dizer que você é importante. Muito mais do que imagina. E que um caso que não deu certo ou um rapaz qualquer que te largou não pode ser mais importante que seu sorriso. Nada pode importar mais que o seu sorriso, menina. Eu sei que é difícil, eu sei (mesmo!). Mas o mundo não espera nossa dor passar. As outras pessoas não tem culpa. Nem eu, nem você. Nem o babaca que te largou. Essas coisas acontecem e o mundo continua, os ônibus passam nos mesmos horários, a novela exibe outro capítulo inédito. Só você tá aí remoendo esse capítulo feio de novela mexicana. Para com isso! Não to diminuindo tua dor, nem nada. Acho mesmo que toda dor merece e precisa acontecer. É ensinamento. É aprendizado. Mas tudo tem limite, também. "Sofrer por amor" parece a coisa mais simples a fazer, mas não é a opção mais correta. Nem opção a mais inteligente. Pensa bem, aqui comigo: Se um cara te quer, ele se importa. Se ele se importasse, você não estaria aí chorando sozinha. Se você está chorando sozinha, é porque ele não vale a pena. Se ele não vale a pena ... Eu preciso mesmo continuar? Desapega. Sei que é mais fácil dizer do que fazer, já doeu em mim também. Dói em todo mundo. Você me entende? Sua dor não é a maior do mundo. E pode me achar clichê, mas: ela vai passar. E quando passar, você vai me agradecer por isso. Cada um aceita o amor que acha que merece. Não aceite migalhas. Não aceite menos do que seu coração precisa, do que seu coração merece. Se esse aí não te deu valor, azar é o dele. Sorte é a tua de não perder seu tempo. O mundo tá aí, brilhando na sua cara. Só esperando que você saia dessa cama, dessa fossa. Só esperando você arrumar de novo seu cabelo, colocar aquele vestido que te deixa linda e sair por aí, sem procurar por ninguém. De coração limpo e sorriso no rosto. O amor não tem manual de instruções, menina. Ninguém sabe exatamente como ele acontece ou como fazer pra ele acontecer. O fato é que ele acontece. E você não vai querer estar aí chorando por alguém que (cá entre nós...) nem vale suas lágrimas, enquanto o amor pode estar te esperando ali fora. Se não deu certo, deixa pra trás. Amor requentado é pior que café: dá úlcera. Agora por favor: Num desiste do amor, só porque uma história acabou. Num desiste da vida. 
Você pode sempre recomeçar. Sempre. E quer dia melhor do que hoje, pra isso?
Amanhã é muito tarde.








terça-feira, 9 de setembro de 2014

Tchau.

Ler ouvindo Nos seus olhos.


" É preciso deixar morrer, pra florir de novo."
Eu me despedi de você, muitas vezes. Eu já chorei sua morte, como quem perdeu uma parte de si mesmo. E talvez eu tenha perdido mesmo. Acho que todo amor quando vai embora, leva um pouco da gente. Mas a parte mais interessante é que você sempre volta. Numa esquina, numa manhã esquisita de domingo, numa nota que eu entoei errado. Você foi a nota mais errada que eu já entoei. Você me desafinou por completo, jogou minhas partituras no chão e me fez aprender uma música nova. Você foi meu amor mais dolorido e por consequência, o mais bonito deles. "Que todo grande amor só é bonito se for triste...". Eu sei. Nunca tinha medo da dor. Nunca tive medo de ir embora. Mas com você, minha vontade sempre foi ficar. Mas eu escolhi dizer tchau. Dizer tchau mil vezes pra que eu me convença: eu não posso ficar. Amor de poeta tem que existir só na saudade. Eu digo tchau pra você várias vezes por dia. Sim, mesmo depois de tanto tempo. Eu me despeço tanto desse amor, que fica impossível que ele vá embora por inteiro. Fica sempre uma pontinha, lá parada na esquina. Esperando que eu olhe pela última vez, esperando que eu desista de tudo e volte atrás. Esperando que você apareça e diga que as coisas vão ser diferentes. Esperando que isso aqui dentro morra e eu nunca mais pense em você. Nossos outros amores são sempre tão rasos perto da imensidão que a gente se jogou junto. Eu sei. Sei que você pensa em mim quando alguém te pergunta sobre o seu futuro e você não sabe ao certo o que responder. Sei que sou eu que você pensa em ligar no meio da noite, sabendo que eu largaria tudo pra ouvir seus devaneios. Sei que sou eu. Eu sei que sempre vou ser eu. Assim como eu sei que nunca daria certo. Eu sei, por isso eu digo tchau. De novo. E controlo minha voz pra que meu "Oi" não seja um "Meu Deus, que saudade de você". E controlo minhas palavras e meus pensamentos pra que eu não te imagine o tempo todo me olhando. Eu te dou tchau todo dia, pra você não existir pra sempre. E dou tchau pra sempre, porque você existe todo dia. Eu to tentando te explicar o inexplicável, de novo. To escrevendo o impossível, pra tentar justificar um amor que não tem explicação. Desculpa. Por tudo. Ter entrado na sua vida, feito um vendaval e ido embora te deixando com toda a bagunça. Desculpa não ter ficado pra te ajudar a arrumar tudo. Mas eu precisava ir, do mesmo jeito que preciso ir hoje. O amor não faz sentido, cara. Desculpa, tchau.









quarta-feira, 20 de agosto de 2014

O meu.

Ler ouvindo Espirais.


A gente fica séculos sem se ver e nunca sabe quando vai ser o próximo encontro. Mas quando a gente vai ver, já estamos um com a mão no outro e eu te pedindo com um bico deste tamanho pra você cantar aquela música fofa do musical que você fez a uns anos atrás, mas você não canta. Quando a gente vê, já somos a gente de novo. Somos sempre. Porque você sabe minhas vírgulas e meus pontos finais. E você tem uma mania tão gostosa de perguntar mais de uma vez se to bem, só pra ter certeza. Só você. Assim como é só você que sabe tanto de mim, que lembra até as músicas que eu canto uma palavra errada. É sal ou sol? Eu não sei, mas você sabe. Quem mais chamaria minha mãe de "mãe" sem qualquer vergonha na cara? E mesmo depois de um tempão, você ainda ouve minhas novidades com aquele olhar interessado de quem deveria ter estado lá, em todos os momentos. E mesmo quando eu disse "Eu vou me casar!", você só riu com aquele seu riso que parece um soluço. E depois me perguntou de novo como eu estava, como quem quer ter certeza de que não to dando um passo ruim. Como quem quer ter certeza de que não vou me magoar. Mas você sabe, não importam os outros. Nem meu casamento, nem sua solidão mal administrada. Você sabe que em um universo paralelo, se tivéssemos outros corpos e formas e tivéssemos a mesma alma, nós nos reconheceríamos de cara. Mesmo que você tenha desistido do teatro e eu tenha largado a faculdade. Mesmo que você não deixe mais seu cabelo compridinho, pra eu passar os dedos. Mesmo que eu tire os cachos do meu cabelo, apesar de você odiar me ver de cabelo liso. Aqui ou no Cazaquistão. Em um mundo paralelo ou nos quilômetros que separam nossas residências. O que nós temos é gigante. E é tão bonito que transborda a gente. Ninguém mais consegue ouvir meus problemas existenciais, sem achar que faço sempre uma tempestade em copo d'água. Eu sei que faço. Mas e daí? Você me deixa fazer. E ainda ri, concordando e colocando toda a culpa dos meus problemas no mundo, no ocultismo ou no Getúlio Vargas. Tanto faz. E a gente discute sobre filmes, política e a farsa das surpresas do Kinder Ovo. Aí quando eu te vejo, tenho vontade de te abraçar até morrer. E isso nem fica exagerado, quando falo pra você. Eu só queria que você soubesse que ninguém tem uma parte tão sincera de mim. Que meu amor por você é um vaso de porcelana igual aquele outro texto meu, que você me mandou num dos atos mais lindos da sua vida. Eu quero te pedir pra não desistir. Nossos doze/treze anos são eternos. Foram selados com imitações dos The Beatles no meio da rua e com reencontros em igrejas quaisquer. Nosso encontro nunca é atrasado. É sempre quando tem que ser. E eu não sei do que chamar algo tão intenso, assim. Mas isso não é novidade, a gente nunca soube. Essa manhã, eu acordei pensando nos nossos destinos "desenhando espirais". Eu entendi o sinal. 
Eu sou a sua tempestade, você é o meu copo d'água.








quinta-feira, 14 de agosto de 2014

AC/DC, ligação na madrugada e ele.



Escorpião. Sou do pior signo do zodíaco, ele dizia enquanto rodava a chave nos dedos e ria. A sua risada mais parecia um alarme gritando aos meus ouvidos, o quanto ele era uma encrenca. E você? "Sou sagitário...", eu murmurei meio que, pedindo desculpas. Sagitário é bom, é um signo bonito. Nossos signos não tem nada a ver, ele falou entre um gole e outro de uma cerveja que eu nunca tinha ouvido falar. Nossas conversas tinham um tom poético, um "q" de filme estrangeiro sem legenda. Você acha que algum amor pode dar certo? Não sei se acredito nisso. É, nem eu. Você já ouviu essa música do AC/DC? Não, prefiro coisas mais leves. Tipo drogas? Tipo MPB. Ok, nossos gostos musicais também não tem nada a ver. É. Eu nunca fui de amar, ele sempre precisou de doses diárias de amores adolescentes. Eu adoro esse chocolate. Eu também. Taí, arranjamos algo que temos em comum. Nós temos muita coisa em comum, ele disse me olhando nos olhos numa tarde gelada de outubro. Eu não fazia ideia do que ele queria dizer, mas concordei. Nossos destinos já estavam interligados a muito tempo, menina. Eu só conseguia imaginar quantas vezes ele já tinha dito aquilo e quantas garotas, assim como eu, se derreteram ouvindo. Eu aposto que foram muitas, porque ele é aquele tipo de cara que você se apaixona. Uma hora ou outra na vida, você conhece um cara igual ele. Meio fortão, com pose de galã. Aquela voz macia que arrepia até os pensamentos da gente, quando diz umas bobagens. Achei que ia ser mais um. Mas ele quis ficar um pouco mais, aquele pouco mais que nenhum cara nunca quer. Ele escutou meus medos e meus traumas, aqueles não costumo falar pra ninguém. Mexeu no meu cabelo depois de descobrir que eu não era flor que se cheire (e eu não sou). Ele me fez sentir bonita, mesmo depois de saber que não sou tão bonita assim. E quando eu pedi: "Fica?" mesmo achando que ele não ficaria, ele ficou. Contrariando nossos signos e outras vontades. Contrariando o passado promíscuo, os vícios e todas as incertezas. Um dia no meio da noite, ele me ligou e perguntou assim: Cê enxerga como nosso amor é lindo? Eu num enxergava. Eu nem queria pensar que aquilo era mesmo amor. Era uma loucura. Mas ele tava certo, era lindo. É lindo, hoje. Quando ele diz pela milésima vez: "Cê é tão linda, mulher", eu derreto. Mas ainda prefiro coisas mais leves. Ele ainda bebe umas cervejas que não sei o nome. E isso é tão pequeno, hoje em dia. Ele leu meus textos, minhas cartas antigas. Ele lê minha alma. Eu leio a bula dos remédios que ele toma, sem saber nem pra que servem. Encontramos o amor, porque não procurávamos por ele. E nos encontramos, não porque somos metade e precisamos encontrar a "outra parte da laranja". Mas porque somos inteiros. Fomos inteiros, desde o princípio. E entendo que o amor não tem muito a ver com certezas ou adjetivos. É só uma vontade de dar seu coração pro outro e torcer pra que ele (por favor) não estrague tudo. Assim como você não quer estragar. Porque apesar de tudo, o amor sempre quer dar certo. Apesar do medo, dos entraves. Nós dois sobrevivemos, de peito aberto. Sem perceber, nós fizemos questão de fazer o amor dar certo.







terça-feira, 5 de agosto de 2014

Enquanto isso.

Ler ouvindo The Scientist.

É que nem sempre dá pra falar de amor sorrindo. Nem sempre consigo começar um texto pelo começo. Nem sempre.
Nem sempre eu consigo ser essa pessoa equilibrada e correta, que todo mundo acha que eu sou. Eu também morro, quietinha. Também choro, eu também fico feia na frente do espelho procurando no reflexo, alguma companhia. Eu também doo. Do verbo doer, do verbo doar. E por mais triste que pareça quanto mais a gente se doa, mais a gente se dói. Porque o mundo não é "uma fábrica de realização de desejos". Porque as pessoas erram. Porque eu erro. Porque eu espero de mais. As vezes, espero de menos. Porque apesar de tudo, eu não consigo ser fria. Eu não consigo encostar o amor num canto e deixar ele pra lá. Eu não consigo mentir. E sei que as pessoas fortes dizem que não precisar de nada ou ninguém é o mais certo, mas eu não consigo. E tem uma porção de outras coisas que não consigo. Não consigo fazer da vida um cálculo matemático. Sou versos, sou paixão. Escuta aquilo que eu não digo, aquilo que eu escrevo. Hoje sou escombros, mas amanhã já me refiz. E se me permito pedir algo a Deus, peço que eu não tenha medo do amor. Peço que a fragilidade das pessoas não me enfraqueçam e minha dores não se prolonguem. Porque eu sei: depois da chuva, o sol aparece. Mas eu preciso olhar pra cima, pra enxergar o que quer que seja. É preciso ter vontade de olhar além. É preciso ter coragem pra não desistir. É preciso muita coragem pra não ser fria. Pra não deixar morrer aqui dentro essa vontade de ser do bem. Então eu me refaço. Fecho os olhos e começo tudo de novo. Eu me apresento novamente as pessoas que já conheci. Eu renovo minhas energias, em frente ao mar. Eu cuido da dor alheia, pra esquecer um pouquinho da minha. E invento minha história, sem dor. Com amor.
Mas nem sempre.

"Não vou me deixar embrutecer, eu acredito nos meus ideais. Podem até maltratar meu coração, que meu espírito ninguém vai conseguir quebrar".








sábado, 26 de julho de 2014

Eu só.


Eu só escrevo. É o que consigo fazer com alguma maturidade. De resto, continuo mulher. Pequena, de mãos curtas e abraços longos. Escrever é o que me dá prazer ou tristeza. As vezes, ambos. Nem sempre com total controle: os textos me acontecem, feito uma cachoeira de palavras na minha mente. Gostaria que algum dia alguém pudesse enxergar isso. Um verso seguido de outro, feito água. Mas eu só escrevo, nada mais do que isso. Pra mim, isso é muito, eu sei. Mas isso não faz de mim imortal, adequada, feliz ou com traços de perfeição. Longe disso, escrevo mesmo é porque sou errada. É porque sou errante. Peco também. Por isso, não sou mais sábia ou mais bem-resolvida que ninguém: escrevo também o que preciso ler, aprender, o que busco nesta caminhada, o que já experienciei e talvez não tenha aprendido. Tenho uma sensibilidade exagerada e sofri muito com isto antes de aprender a canalizá-la. A escrita acalmou meu coração. Tenho dias em que tudo está cinza e que não quero mais nada além de ouvir músicas ou ler poemas bem down. Eu só escrevo. Um outro alguém talvez só cante. Uma outra pessoa talvez só dance. Somos todos escravos daquilo que amamos. Eu sou escrava dos meus versos, com muito amor. Tenho apego pelas palavras, como quem cuida de flores. Gosto de pensar assim. Quem sabe elas não floresçam em outro coração? Por isso escrevo. Por isso eu sonho. Porque gosto de acreditar que faço diferença, assim. Gosto de achar que as palavras são capazes. Sou capaz, também. Eu escrevo.







quarta-feira, 16 de julho de 2014

Pedido.

Ler ouvindo When I was your man.


Eu não vou mentir pra você, eu nunca minto. As vezes minha sinceridade até te machuca, eu sei. Eu quero te pedir cuidado, um pouco de afeto. E eu sei o quanto isso é pavoroso e me dá vergonha só de pensar que estou mesmo escrevendo isso. Eu to te pedindo pra me olhar. E pra enxergar o quanto estou indo embora, todos os dias. E o quanto volto por você, mesmo quando meu coração se cansa das suas idiotices e pede pra eu ir pra qualquer outro lugar. Ninguém disse que amar era fácil, cara. Ou que amar seria todo dia uma festa. Eu sei, nós sabemos disso. Mas não é por isso que a gente precise por os pés em cima do sofá e deixar que o amor vire uma coisa qualquer. Eu acho o amor uma coisa muito séria. Mas eu to me sentindo amando sozinha. E eu não posso aceitar isso. Eu sei também, que toda relação passa por momentos ruins. Só que essas crises tem que ser controladas e resolvidas. Tô com dúzias de nós na garganta. Tô sem tesão de deitar no teu colo. Tô querendo ir embora, não me deixa ir. A gente tem tanto, eu sei disso. A gente é muito maior do que umas semanas ruins e umas frases mal ditas. Só que eu preciso ver que você também tá remando, senão não tem graça nadar contra maré. Eu não posso viver uma vida morna, menino. Coisa morna me dá ânsia, me dá asco. Eu preciso do teu fogo, eu to cansada de gelo. Tô me sentindo tão sozinha, que to com vergonha de escrever. Olho pra você indiferente olhando pra tv, como se a vida durasse pra sempre e tenho vontade de esmurrar sua cara, querendo que você enxergue que eu to indo embora. Eu não vou te acordar de novo, pedindo cafuné. Eu não vou olhar pro outro lado, pra chorar quietinha e você não ver. Eu não sei se quero mais. Eu to escrevendo, porque não quero desistir. Mas to sem força pra insistir sozinha. Eu to magoada até os cotovelos. To chutando meu amor próprio toda noite, antes de dormir. To angustiada. Me ajuda, cara. Não me obriga a ir. Não finge que tá tudo bem. Não ignora meus sinais, me olha. Me enxerga, por favor? Eu to aqui na sua frente de malas prontas. Eu não quero ir embora. Me convence a ficar? Por favor.









quarta-feira, 2 de julho de 2014

Sétimo.

Ler ouvindo La Solitudine.


Querido S,
Saudade. Eu poderia começar essa carta como já comecei muitas outras, falando sobre coisas amenas, o tempo, o futebol. Mas hoje eu decidi te escrever, porque... Porque senti sua falta. E porque quando falo sobre você, eu falo sobre amor também. E talvez assim, eu entenda um pouco mais sobre mim, sobre o vida e essas voltas malucas que ela dá. Hoje eu senti sua falta, no café da manhã. As coisas pareceram muito distantes. A rua lá fora ficou longe demais e o mundo ficou muito grande pra mim, que sempre fui pequena. Hoje eu precisei da tua mão. E ultimamente tenho precisado muito dela. Sei que isso é injusto e até um pouco egoísta, mas sempre fui franca, S. Sempre fui franca, até demais. Ando tão sozinha S, ando tão eu-comigo-sem-mais-ninguém-por-perto. E não é que esteja fugindo das pessoas ou ficado trancada lá no quarto, é que não consigo conversar. As palavras me fogem. Não tenho paciência pros mesmos assuntos e bobagens que todo mundo tem que se acostumar a ter. Eu sei que tenho que me acostumar, também. Mas sou péssima com rotinas, você bem sabe. S, eu to achando o mundo tão feio. As luzes lá fora não me seduzem mais. To tão in. To tão perdida dentro de mim, que não to conseguindo ser out. Nem o amor tem me dado força. Não que eu o culpe. Longe disso. Ninguém tem responsabilidade pela dor interna do outro, não é? Ninguém pode ajudar a cicatrizar uma ferida que nem sabe que existe. Principalmente quando ela é em outro alguém. Eu sou mais fraca do que imaginei. As pessoas não ouvem, S. Elas só falam e falam e falam. E não sabem conversar. E não se importam com quem está doendo. Sei que to sendo dramática e piegas. Sei que to um porre. Mas me ouve? Me ouve, por favor. Sei que to exagerando, mas não me deixa? Fica. Não sou capaz de pedir isso pra mais ninguém. E sei que você que você também não pode ficar, mas me deixa pensar que pode. Deixa eu ouvir tua voz e acreditar que o mundo é legal, as vezes. Deixa eu falar de filosofias de vida que não chegam nem perto da realidade, mas são bonitas na teoria. Me deixa ser, S? Me deixa ser mais uma mulher que sente uma dor imensa durante o dia todo, mas sorri porque acha que ninguém entende sua dor. E chora quietinha de noite, achando que ninguém mais faz isso. Eu sei que muita gente faz. Sei que muita gente sente saudade, hoje. Sei que existem outros S por aí. E a vida segue. E a gente continua seguindo em frente. As vezes batendo cabeça, pelas bordas. As vezes firme, em cima do salto. As vezes escrevendo cartas pedindo pra alguém voltar. E eu sei que lendo isso, você daria um sorrisinho de canto da boca, achando graça em todo meu drama mexicano. Eu sei que encontraria minha alma perdida, no meio de mim mesma. Mas você não volta. E você não lê. E você não sorri mais de canto de boca. E eu acordei com saudade. Desculpa, S. Eu te amo, é uma das única certezas que tenho tido. Meu amor por você é um vaso de porcelana no coração. Intocável, relíquia. Saudade.

Da sua, sempre sua piccolina.







terça-feira, 24 de junho de 2014

Sobre o que a boca não diz.

Ler ouvindo Último Romance.




Ei, me desculpa?

Desculpa pelo drama. E pelas cenas de mulher-durona-mexicana. Desculpa pelas palavras que disse sem pensar. E por todas as vezes que finjo que não percebo o esforço enorme que você faz, pra me cobrir todinha de amor. Eu sou uma mulher complicada, as vezes tenho medo que você fuja. Que sua ficha caia e você perceba que sou só mais uma com um cabelo ondulado e sorriso de criança, aí durante a noite você dê no pé. Você vai dar no pé? Vai juntar suas coisas enquanto eu durmo e ir embora? Não vai. Eu sei que não vai, porque você sempre dorme antes de mim e acorda depois. E você sempre quer ficar um pouco mais, mesmo quando to um porre. E você diz baixinho na minha orelha que eu sou chata demais e que preciso parar de roubar suas cobertas. Desculpa pelas vezes em que não te peço desculpas. E pelos "eu te amo" que só digo com os olhos, porque minha boca cala quando você sorri desarmado contando sobre algo que ama. Normalmente sobre mim. E preciso dizer, preciso mesmo: seu café é tão bom. E o cheiro da sua nuca parece música pra dormir. Eu não sei como um cheiro pode parecer música, mas o seu parece. E quando você me pergunta se vou ter sempre paciência pras suas manias de velho e esquecimentos, eu tenho vontade de segurar seu rosto com as duas mãos e te perguntar olhando bem firme nos olhos se você realmente não percebe todo o bem que me causa e toda a alegria que me transforma. Mas eu só dou risada de canto de boca e digo que vou. Vou sim. Vou sempre. Vou sempre te ligar, lembrando que está atrasado. E dizer que você tem formigas nas pernas, porque não consegue ficar um dia quieto em casa. Eu vou sempre dar risada do teu jeito chato de reclamar das coisas fora do lugar, contradizendo teu jeito desleixado que nunca deixa nada no lugar. Acho que é por isso que te amo tanto. Você me bagunça. E não tem problema nenhum em me ver bagunçada. Acha graça na minha cara de sono e se diverte com meu mal humor. Desculpa pelo mal jeito. E pelo silêncio que você odeia que eu faça, quando deveria falar. Você é um homem incrível. E qualquer mulher teria sorte em ter você. Apesar da chatice. E da falta de talento pra cuidar de dinheiro. E de você só ter um joelho e meio. Você é incrível, sim. E nem sabe o quanto. E vejo que você não sabe porque você sempre ri sem graça, quando digo isso. E parece pensar que sou louca. Acho que sou, mesmo. Porque mesmo depois de tanto tempo, eu ainda te deixo ir embora de vez em quando. Mesmo depois de tanto tempo, eu ainda não consegui te dizer com todas as letrinhas o quanto você é i n s u b s t i t u í v e l. E que mesmo que tudo dê errado amanhã, eu nunca mais vou viver um amor assim. E nunca mais, vou ser de ninguém como sou sua. Porque me dei pra você faz tempo e não saberia me tomar de volta. Porque teu cabelo enroladinho me prende inteira e tuas pernas enormes não me deixam fugir. Porque nosso amor é tatuagem. E viram lágrimas nos meus olhos, quando escrevo de novo sobre você. E apesar de você odiar me ver chorando, dessa vez eu não pude segurar. Desculpa?









sexta-feira, 13 de junho de 2014

O depois.

Ler ouvindo As cartas que eu não mando.


E depois, meu bem? E se o amor acabar? 
Tudo acaba, eu sei. As bolachas no pote, o dinheiro na carteira, os dias acabam, até a água acaba. E depois que a música para, você olha pro lado e não vê ninguém? E depois que você percebe que amou sozinha, que não tem mais ninguém por perto... E depois? E se choro não adiantar, se o vazio não se preencher? E se a vida for mais complicada do que parece? Eu tenho tantas dúvidas. Meu coração tá tão apertado. O que que a gente faz da vida sem o amor? Como é que a gente explica pro coração que era tudo engano? E depois, como é que a gente vive?
Quer saber mesmo? 
A gente chuta o balde. Fala uma bobagens sozinha na frente do espelho. A gente jura vingança. A gente pede pra Deus pra tirar o ódio do coração. A gente vive na rua procurando abrigo em qualquer abraço. A gente encontra amor em qualquer esquina. A gente cava um buraco e se esconde dentro, pra poder chorar e ninguém ver. Mas a gente sobrevive. E a vida continua batendo, o amor continua indo embora. As pessoas continuam vivendo suas vidas, tomando seus chops nos bares e a novela na tv não acaba. A novela continua. A gente continua. E o amor continua, em outra vida. Em outra história, em outra direção. E depois? Depois a gente encontra outro amor, a gente escolhe outras músicas, pra cantar. A gente conta a história e dá risada. A gente fica mais forte.
O amor tem dessas coisas, a vida também. Eu já passei por isso, você vai passar. A gente passa. Se eu acredito em amor, mesmo assim? Acredito. No amor, nas pessoas. Acredito na força que existe na gente. Acredito que a gente nunca pode perder a vontade de deixar o coração falar. Mesmo que ninguém entenda: meu coração grita. Ele pede passagem e diz que não se importa se amanhã não for nada disso. Ele diz que vai ser sempre assim, inteiro. Exposto. 
Eu prefiro morrer de amor. Eu prefiro viver. 









sexta-feira, 30 de maio de 2014

Reticência.

Ler ouvindo When I was you man.




E se eu fosse escrever pra ele hoje, o que diria?
Sei lá, acho que não diria nada. Mas não conseguiria não dizer nada, eu nunca consigo. Talvez dissesse meia dúzia de coisas que ficaram engasgadas em mim, no nosso fim. Acho que começaria com algumas linhas em branco. Primeiro, uma saudação: "Querido ex-amor". E depois várias linhas sem nenhuma palavra, até que eu começasse de fato a escrever. Eu sempre fui tão ansiosa pelo amor, que não dei tempo pra que ele me olhasse como deveria. Com calma, sem pressa, devagar. Ele passou os olhos por mim, como quem lê depressa as manchetes de um jornal. Com frieza, sem muita atenção. Eu me despi inteira e ele não me enxergou. Hoje, eu começaria com silêncio e calma pra que ele tivesse tempo de passar devagar os olhos, pelas minhas palavras. Depois eu falaria sobre como meu cabelo cresceu e minha fé aumentou. Falaria que eu o entendo hoje. Vejo hoje o quanto fui injusta, despejando todo meu ser em alguém que mal sabia se equilibrar sozinho. Exigindo amor ao próximo de alguém que mal podia se amar. Ele não estava errado em me negar tanto afeto, eu é que estava errada em pedir. Amor não se pede, eu diria a ele hoje. Os traumas e problemas não eram desculpa pra isso. Era imaturidade. Minha e dele. Era falta de entendimento. Hoje eu também pediria que ele me contasse como vai sua vida subversiva. Seus livros, séries e solidão. Sua felicidade mentirosa, ao estar em qualquer meio social. Suas teorias loucas sobre a vida e o mundo. Eu contaria a ele que aprendi a amar as pessoas. E a deixar ser amada, sem aquela loucura de precisar tanto do outro. Aprendi a achar lugar no meu peito, pra mim. Eu falaria sobre meus projetos, que finalmente estão saindo da minha mente bagunçada e tomando forma. Diria que vou me casar. Ter um filho e fazer jantar. Como eu dizia que nunca faria. Assim como eu dizia que nunca deixaria de amá-lo. E deixei. E deixei tão lentamente que nem percebi. A última vez que o vi, ele chorava por uma perda. Senti a dor dele, senti o abraço dele, mas não senti mais meu peito estourar como se meus pulmões precisassem de todo ar do mundo, porque estar perto dele era sair de órbita e perder a gravidade. Mas não é mais assim. Eu vi ele sem meus olhos de amor e tudo que enxerguei foi um homem simples, com o sorriso mais bonito que já vi. Com uma dor tão grande. E ali eu vi que jamais poderia amá-lo de novo, porque ele não tinha sequer o brilho nos olhos que minha memória tão sentimental insistia em colocar. Se eu fosse escrever pra ele hoje, seriam versos curtos. E no fim, depois de todas as nossas reticências, eu colocaria um ponto final.










quarta-feira, 21 de maio de 2014

Sinônimos.

Ler ouvindo Yellow.  


Eu cresci achando que amor era sinônimo de reconciliação. Achava mesmo. O amor era um brigar eterno até acabar a noite e depois se reconciliar de manhã. A gente acaba acreditando nessas coisas quando assiste comédias românticas, que mostram casais em pé de guerra que se dão bem no fim do filme. A gente acaba achando que o amor é aquela coisa mexicana de sair correndo na chuva de madrugada pra se desculpar com o outro pelos vidros quebrados e ofensas melodramáticas. Tsc-tsc. Isso aí se chama adrenalina. E carência. E uma porção de outros nomes que você nem iria querer saber. O melhor sexo que existe não é o de reconciliação nem o de pedido de desculpas. Se você não consegue ficar mais de um dia com alguém sem que saiam faíscas entre vocês, como é possível acreditar num "...felizes para sempre" ? A verdade é uma só, Cazuza estava certíssimo. Ele queria a sorte de um amor tranquilo. E só gosta mesmo de turbulência, quem não conhece a felicidade leve da tranquilidade. Ninguém precisa perder pra dar valor, isso é desculpa de quem não sabe cuidar do que tem. E muitas vezes, você conhece alguém assim. Ou você mesmo, é assim. As vezes, a gente não percebe. Acaba se acostumando com uma situação que não deveria se acostumar. Não importa o que já te disseram: brigar não é normal, não. Desrespeitar o outro, só por estar com raiva. Partir até pra ignorância (Quantos casos eu não conheço? Quantos casos você conhece?). Gente que faz loucuras em nome do amor. Ciume possessivo. Falta de respeito a privacidade do outro. Falta de diálogo. Caramba, isso é um relacionamento ou é um castigo? Bom mesmo na relação é saber que você pode ir a qualquer lugar e que o outro pode ir a qualquer lugar, mas lugar nenhum é melhor do que o colo do outro. Gostoso mesmo é ter uma pessoa pra conversar num restaurante caro ou no boteco da esquina. Alguém que você faz amor porque quer e não porque brigaram e querem se reconciliar. Alguém em que você sente tesão, respeito, admiração. Uma pessoa que você lembre pelo charme, pelo sorriso, pelo cheiro do moletom. Não pela brigas monumentais e cenas de filme estreladas por vocês. Ninguém vive em Hollywood. Ninguém aguenta viver assim, a flor da pele. O amor é brisa, não é vendaval. Eu não consigo conceber um amor, em que você não pode entregar seu coração pro outro e ter certeza absoluta de que ele vai cuidar. E se você não pensa assim, repense aquilo que tem pensado sobre si mesmo. A gente só aceita o amor que acha que merece. Você realmente acredita que só merece esse amor turbulento? O mundo já é uma guerra, pra que viver o amor então?
Quando era menina, realmente eu achava que amor era reconciliação, mas hoje eu não posso aceitar um amor que não seja sinônimo de paz.



Dedicado a minha Jessie ♥ (Que colaborou diretamente nesse texto, Happy B-day darling!)





sexta-feira, 16 de maio de 2014

O verdadeiro sim.

Ler ouvindo Heaven.



Quando eu falo em casamento, você pensa em quê? Dizer "sim" pra pessoa que você ama na frente de todas as pessoas que você gosta e gostam de você. Mas falando bem a verdade, falando cá entre nós... Não é esse "sim" que faz a diferença na vida da gente. Não é desse "sim" que eu quero falar hoje.
Vou me casar no final do ano. Compramos um apartamento, contamos moedas e fizemos contas a perder de vista. Decidimos. Sim. Eu escolho a cortina, ele escolhe o guarda-roupa. Eu quero um abajur, quero meus quadros da Marilyn e uma cozinha tipo americana. Ele quer o vídeo game dele, um sofá confortável e uma estante de livros. Sim, concordamos. Eu não gosto de vídeo game, nem ele da Marilyn. Mas dizemos sim.
Existem dias que não gosto de ver a rua, gosto de me esconder embaixo da coberta e assistir filme até ficar vesga. Ele adora ir pra rua, ver gente, dar risada alta e ouvir música. Dizemos sim. Dias pra mim, dias pra ele. Ele se esconde na coberta comigo, eu saio pra noite com ele. Ele gosta de umas bandas chatas desconhecidas, eu gosto de MPB. Eu digo sim, aprendi até algumas canções. Ele diz sim pras minhas loucuras, minha mania de sempre ter um porém.
Eu não gosto de carne gordurosa, ele não come ovo frito. Sim. Ele vive atrasado e com sono, eu sou pontual e acordo cedo. Eu sou pequena, ele é grande. Eu gosto de carinho nas costas, ele adora cafuné. Eu adoro cozinhar, ele adora comer. Entendo de gramática como ninguém, ele lê sem respeitar vírgulas. Amo poesia, ele detesta. Durmo cedo, ele só dorme de manhã. Mas sim, sim, sim. Sim mil vezes.
Repetimos sim, todos os dias. Concordamos, achamos um meio termo. Chegamos a um ponto em comum. Aceitamos, respeitamos. Renovamos nossos votos quando paramos de tentar mudar um ao outro e passamos a moldar nossas nuances, pra que se encaixem. Fazemos da convivência um momento pra celebrar a diferença.
Dizer sim é amar ao outro, como ele é. Sem falsas promessas e idealizações. É amar aquela mania chata que ele tem, de responder as perguntas com um "ãhn?" meio surdo, quando não está prestando atenção. Ou aquela conversa chata sobre o serviço dele. É amar até a roupa suja, largada no canto do banheiro. As pegações de pé, as crises de mau humor, a louça deixada na pia, o compromisso que ele esqueceu.
Dizer sim é aceitar que ele erra. Dizer sim é pedir pra que ele aceite que eu erro, também. Dizer sim é perdoar as falhas dele, é perdoar as minhas. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. 
Eu aceito. E você?

terça-feira, 13 de maio de 2014

O que eu não posso morrer sem dizer.

Ler ouvindo Made in Heaven.



Eu amei. Amei o mundo e a vida e as pessoas. Amei os versos e vivi pras palavras. Escrevi tudo aquilo que senti. Escrevi mais. Coloquei em mim, a leveza dos meus versos. Demorei a ser quem gostaria. Demorei anos pra compreender minha mãe, coitada. Uma criatura rara, ela. Difícil de amar, difícil de esquecer. Tão certa de si e tão simples. O amor é um sentimento engraçado, a gente não entende bem. Eu tive tantos amores que ao pensar neles, poderia sorrir a vida toda. Meu avô. O homem mais bonito que poderia existir. A primeira pessoa que amou meus erros e enxergou minha alma, como ela é. Frágil, dolorida, intensa. Ele foi meu lar, quando minha casa não abrigava meu coração. Ele foi tanto, que quando foi embora deixou um vácuo que nunca pude preencher. Eu o amei e o amaria por mil vidas. Dentre as almas que mais amei, fica também meu pai. O dono dos meus olhares de mais amor. O meu exercício de perdão, o abraço mais esperado da semana. O galã que me chamava de Marilyn Monroe, aos 4 anos de idade. O senhor que me olhou ainda ontem, com um amor tão sincero que chega a me doer o peito. Minha irmã, Gisele. A pessoa que mais tentei agradar e imitar a vida inteira. Um exemplo de mulher, de mãe, de pessoa. Natália, minha exceção. A pessoa por quem eu fiz tudo que não faria pra mais ninguém. Minha melhor risada, meu maior cuidado. Amor na essência, sabe? Sabe, ela sabe. Ela seria capaz de dissertar minha mente e coração, como ninguém. Mas pra minha sorte, ela nunca foi de falar muito. E das minhas boas lembranças, ficam meus amigos. Saudade gostosa de sentir. Que fique registrada a minha risada, como marca de que passei pelas suas vidas. Meu amor tranquilo, meu Juliano. O menino que me amou, quando ainda era uma criança. E depois, quando homem me ensinou a amar. Fez da minha alma, pluma de tanta leveza. Fez do meu coração um porto bom pra descansar. Fica minha gratidão, minha dedicação de sempre. Meus versos mais bonitos ficam escritos na memória, são prova do amor mais real que poderia ter vivido. E pra falar de amor e sorrir, eu termino essa elegia com meu pequeno príncipe. Otávio César. O homem que dobrou minhas envergaduras e amansou meu sorriso. O homem de seis anos de idade, que foi e sempre será o amor da minha vida. Filho da minha irmã e dono de uma porção gigante do meu coração. 
E a todos peço que lembrem de mim como vou me lembrar de vocês: sorrindo. 
Se deixei pouco em riqueza material, pra compensar deixei tudo que sou, de coração. 
Deixei meus versos e sorrisos, como legado. 
Deixei meu amor.









terça-feira, 6 de maio de 2014

Porque amar é uma aventura diária.

Ler ouvindo Sei.




Você fala dormindo, sabia? Conta histórias engraçadissimas, se declara pra mim, me beija e começa a roncar do nada estragando todo o clima. Se eu ganhasse uma milha áerea por cada minuto que já te observei dormindo, eu já poderia ganhar uma passagem até a China. E te levaria junto, porque a China seria um saco sem você. Assim como não tem graça assistir nossas séries, sem você do lado me mandando ficar quieta porque não me aguento nas cenas fortes. Você é um porre, com sono. Reclama feito um velho de oitenta anos que o tempo tá seco / o tempo tá chuvoso / o tempo tá ruim / o tempo tá bom, deve ter algum problema no tempo. Mas o tempo é sempre gostoso, quando tô com você. Mesmo quando você esquece de mim e come toda a sobremesa que fiz pra nós dois. Aí depois faz cara de criança que aprontou e diz que não se lembrou de mim. Eu não me importo, porque sei que você se lembra de mim nas horas realmente importantes. Como quando tinha sido demitido e me ligou de dentro da empresa, contando tudo com voz embargada, tentando parecer forte e seguro. E eu te amei tanto, que chorei segurando o celular no peito pedindo que os céus fizessem alguma coisa a respeito. Você foi correndo me mostrar seu carro zero, com um sorriso de dez quilômetros. Assim como me mostra qualquer descoberta inútil, na internet. Vídeos, artigos, curiosidades. Você gosta de dividir todas as coisas legais do mundo, comigo. E a gente é tão legal, juntos. Até quando a gente briga, mas acaba rindo da briga e desiste de brigar. Você fica bonito quando tenta ficar bonito, pra mim. E veste indecisamente dez roupas diferentes, enquanto estou sentada na sua cama, pronta pra sair. Depois me pergunta: "Tô bem?", como se você não parecesse um deus do Olimpo de qualquer forma. Como se você não percebesse o quanto é bonito, mesmo quando está com aquela camiseta de time manchada de resina. Como se você não notasse que o mundo para pra você existir. Ou talvez só meu mundo pare. Mas para, eu sei que alguma coisa para. E você não percebe. Você tem uma cara de quem tá sempre desinteressado e um sorriso sem graça, que é um charme. Você nem sabe, mas tem vários sorrisos. O mais bonito é o sorriso sem graça (aquele que você dá quando recebe um elogio ou quando canta olhando pra mim), ele é seguido de perto pelo sorriso de criança que aprontou. O sorriso de desculpas também é ótimo, você usa ele sempre que se atrasa. E você se atrasa todos os dias, então é um sorriso super conhecido por mim. É um misto dos sorrisos "criança que aprontou" e do "charmoso" (que é quando você tenta me seduzir). Eu sempre me impressiono quando paro pra pensar que ninguém no mundo vê o que eu vejo. E mais ninguém no mundo tem a sorte de ver seu sorriso de atraso, todo dia. E ouvir tuas piadas horríveis e tuas justificativas piores ainda, tentando melhorar as piadas horríveis. Ninguém conhece a curva das suas costas, como eu. E cada pequena falha imperceptível da sua barba. Ninguém pode amar você, da forma que eu amo. Com essa certeza tão real. Amar você é uma aventura todo dia, porque sempre que acho que já conheci todas as tuas manhas, você me surpreende. E me dá essa cócega na alma que só quem ama profundamente, sente. Essa coisa bonita que brota no meu peito quando falo de você. Essa sensação de que não existe prazo de validade, nem esteriótipo, nem laço social algum que nos prenda. Estamos juntos porque gostamos dessa aventura diária, porque a vida é melhor assim.
Estamos juntos porque temos certeza de que não existe no mundo, qualquer lugar melhor pra estar. 










quarta-feira, 30 de abril de 2014

O dia depois do fim.

Ler ouvindo Ainda não passou.


Hoje quando acordei me perguntei se você teria colocado seu celular pra despertar. Aí  lembrei que isso não importa mais, porque você já não faz parte da minha vida e não deveria fazer parte dos meus pensamentos. Tomei meu café amargo e comi umas fatias de pão. Tomei mais café. Troquei de roupa duas vezes, porque a previsão do tempo disse que iria chover. Lembrei de você dizendo que não acreditava na previsão do tempo e achei engraçado pensar nisso, porque você acreditava em cartomantes. Fiquei triste por só ter uma xícara pra lavar. Arrumei tudo com pressa e sai pra trabalhar. No caminho, encontrei alguns conhecidos e sorri, como se nada tivesse acontecido. As vezes eu tenho a impressão de que as pessoas me olham com pena ou como se me perguntassem com os olhos como estou sobrevivendo. Acho que disfarcei bem. No trabalho foi tudo normal. O chefe perguntou das olheiras e disse que estou trabalhando num novo projeto. Tive novas idéias, almocei com uma moça do segundo andar. O rapaz da mesa do lado reparou que eu estava chorando a tarde, mas não disse nada. Na volta pra casa, as coisas foram piores. Perdi a chave na bolsa e não pude te ligar pra perguntar onde você estava, se iria demorar. Você não iria chegar. Você nem tem mais a cópia da minha chave. Achei a chave na bolsa e entrei em casa. Fui tomar banho e o chuveiro não esquentava. Bati com o rodo nele e funcionou. Esqueci de pegar a toalha e molhei a casa toda. Sentei no chão da lavanderia e chorei, porque você não iria reclamar da casa molhada. Você nem iria saber que ensopei o corredor inteiro e que espanquei o chuveiro pra água ficar quente. Eu preciso que essa porra de dor diminua um pouco. É tão estranho constatar que não saber dessas coisas parece não fazer diferença pra você. Ontem eu não jantei. E daí? Você tem outra vida, agora. Pegou nossos planos e jogou no lixo. Disse que era uma loucura tudo isso, que estávamos nos precipitando. É verdade. Eu me precipitei. O desamor tem gosto de comida velha, é rançoso. Você era mesmo tudo aquilo que as pessoas diziam. Meu coração tá dilacerado. E você, onde deve estar agora? Por aí. Com a sua vida vazia e seu copo cheio. Até quando? Eu te dei meu mundo. A cópia da chave e a fotografia da estante. Mas você foi embora. Eu aprendi a beber água, hoje bebi umas cinco vezes, talvez mais. Eu também comprei aquele DVD que você queria. Estava em promoção na internet. Comecei a escrever um livro. Aquele rapaz da academia me ligou e eu atendi. Trocamos algumas palavras, mas a verdade é que acho ele um saco. Acho tudo um grande saco. A vida é um porre, sem você. O desamor é uma ressaca eterna. E essa é uma teoria muito boa, porque me leva a pensar que estava bêbada ao te amar. O efeito é passageiro. Pra você passou tão rápido. Eu sempre fui fraca pro álcool. Sempre fui fraca, por você. Parei de tomar calmantes, mas minha alergia continua uma droga. Tá legal, eu sei que isso não importa, mas me deixa escrever, tá? Me deixa fingir que você vai ler e entender cada linha. Me deixa fingir que o tempo não passou. É estranho não ter você de platéia pra me observar cozinhar. 
Voltar pra casa é uma merda, cara. Mas tudo bem, eu vou dormir. 
Você tirou a sua máscara e agora aqui todo dia é quarta de cinzas.









terça-feira, 22 de abril de 2014

Apaixonar.

Ler ouvindo Yellow.


Ontem de manhã eu me apaixonei por você. Foi entre um segundo e outro, enquanto você roubava minha coberta e dizia com voz manhosa que não queria acordar. Depois aconteceu de novo, quando eu te olhei de longe, segurando seu cigarro como quem segura algo de muito valor. Odeio seus cigarros, mas você fuma de um jeito tão sensual, sabe? É quase cabalístico. Um ritual de tranquilidade: você acende o cigarro, olha em volta, encosta ou agacha num canto, segura o cigarro na ponta dos dedos, traga, solta a fumaça como se fosse natural aquilo tudo. Como se fosse um gesto que não exigisse qualquer movimento mecânico. Como o cigarro fosse uma parte tua. Você é tão bonito. Eu me apaixonei por você, naquele dia em que me disse no meio da madrugada que não se lembrava mais como era a vida, antes de mim. Você não sabe recitar poemas e nem canta pra mim, quando te peço. Você não se parece em nada com o homem que sonhei pra mim. Mas eu me apaixono por você, quase sempre. Eu sou apaixonada pelo seu jeito totalmente sem jeito, de tentar me fazer carinho e acabar me machucando por ser grosseiro demais. Mas também te odeio quase todos os dias, por uns segundos. Eu fico com uma vontade danada de te bater na cara e te mandar parar de ser assim, tão chato. Mas sempre passa. Eu me apaixonei por você, na primeira vez que me pediu baixinho, em casamento. Dizendo que não conseguiria mais me deixar em ir embora e pra gente se casar logo, afinal de contas um amor assim não pode ser desperdiçado. Eu me apaixono pelos teus olhos, sempre. Aquele jeito bonito que você me olha, quando acha não estou te olhando. Eu me apaixono por você, mesmo quando acho que não vai dar mais nada certo. Ontem a noite naquela igreja, eu me apaixonei por você. Eu me lembrei de tantas as vezes em que você me pegou no colo e ignorou meus erros, que são tantos também. Eu agradeci a Deus mil vezes por você existir. Justo eu, que sempre tive medo de me apaixonar. Justo eu, que sempre vivi de meias paixões e sentimentos pela metade. Eu sempre vivi na superfície. Mas aí veio você e me fez afundar até não poder mais, você me fez sentir um aperto tão grande no peito que eu não tive escolha a não ser te pedir: "Fica...". Por favor, fica.  Fica, que eu perco meus medos. E a gente se encaixa um no colo do outro, falando sobre qualquer coisa do dia-a-dia. Eu acredito no amor, assim.
Fica, que eu te prometo: eu me apaixono todos os dias.